Quanto mais perto de nós acontece algo, mais sentimos os efeitos. Talvez essa seja um máxima que poucos discordem. O nosso egoísmo pode ser uma justificativa para isso...
Mas, afinal, porque falar disso?
Ontem tive a infelicidade de saber que minha irmã foi assaltada e estou sentindo uma mágoa enorme. A mesma coisa aconteceu quando foi com minha namorada. No caso da minha irmã, o meliante levou a bolsa dela com vários pertences, principalmente documentos.
Mas ainda não é onde quero chegar.
Quem mora em lugares perigosos (moro na Ceilândia, já devia ter me acostumado) sempre tem notícia de que fulano ou cicrano foi asssaltado. Chega a ser algo comum, banal. Mas para quem está perto, família, amigos e alguns vizinhos se veem no lugar da vítima com muito mais facilidade e se indignam por causa do acontecido.
Desde ontem o que faço é imaginar a cena, a covardia, a frieza de uma pessoa que leva a vida tomando o que os outros batalham para conquistar.
Hoje, sábado, 07 de maio, tenho a oportunidade de termnar essa postagem...
Como disse, a indignação é grande, mas não podemos ficar somente nisso. Na sexta-feira, 29/04, a Presidenta Dilma Roussef falou, em pronunciamento em cadeia nacional no rádio e na TV sobre diversos assuntos, entre eles do grande programa social que será lançado, o Programa Brasil sem Miséria e sobre distribuição de renda.
A questão é que o governo tem se preocupado com economia, impostos, presença do Brasil no cenário internacional, Copa do Mundo e por aí vai. Mas e o povo? Quem constrói o país diariamente para fortalecer a economia? Paga os impostos (e são muitos)...
Mesmo com o lançamento de programas sociais que podem diminuir as desigualdades, interesses políticos e particulares - principalmente de empreários - são levados em conta e dificultam o alcance do "objetivo" do projeto social. Um exemplo é o Minha Casa Minha Vida. Pelo menos aqui no DF ele só serviu para repetir o que fizeram na década de 1970, mandar os trabalhadores para bem longe do centro, marginalizando. Aqui quem manda é o Paulo Octávio, digo, são os donos das grandes empreiteiras, a especulação imobiliária reina!
Daí, o que acontece: marginalizados sem serviços básicos - educação, saúde e segurança - ficam a mercê de outros programas sociais que podem ajudar de alguma forma aquelas pessoas ou não. Não podemos esquecer que tem gente que corre atrás de algo melhor, mesmo na pior escola, faz de tudo para estudar, ou então sai de madrugada para estudar em outra cidade onde a escola PÚBLICA não é tão ruim. Há aqueles pais que fazem de tudo para dar um futuro "menos ruim" para seus filhos, trabalhando dia e noite buscando seu objetivo. Exemplos que podemos dar são muitos para demonstrar o esforço de pessoas em buscar algo melhor independente da marginalização a que foram submetidas
Entretanto, tem gente que se acomoda com a Bolsa Esmola, pão e leite, cesta básica e fica por isso mesmo, pensando que vai mamar nas tetas do governo (perdão pelos termos) pelo resto da vida. Depois fica revoltado com a condição de vida ou o programa assistencialista acaba. E agora? Como conseguir algo fácil? Consideremos também que nesse momento as drogas já podem fazer parte da vida dessa pessoa. O crime se faz presente e é "a opção" para esse indivíduo seguir a vida.
Independente do destino da pessoa, seja uma luta pela vida toda para mudar para melhor, seja o comodismo e a posterior criminalidade, o governo é responsável. Você se lembra dos serviços básicos que falei alguns parágrafos acima? Eles são essenciais (BÁSICOS) - sim, estou sendo redundante! - para o ser humano nos dias de hoje, é OBRIGAÇÃO do governo, não favor. Iinfraestrutura urbana também entra nessa lista.
A falta desses serviços é fruto de desigualdades, que hoje são cada dia mais gritantes, e elas geram o descontrole social. Descontrole social de diversas formas. A depressão que hoje assola ricos e pobres é fruto das desigualdades. O pobre que luta dignamente para ser alguém e não consegue, assistindo ao espetáculo de tramoias que dá status e vida confortável a quem não merece. As péssimas condições de trabalho, a má formação academico-profissional (ensino público medíocre e ensino técnico pouco acessível) que tivemos e a legislação trabalhista atrasada faz com que busquemos enlouquecidamente uma vaga no serviço público, às vezes a procura da estabilidade e da vida fácil... Ops! No serviço público não há tanta necessidade de trabalhar muito? Então os serviços prestados não serão de boa qualidade... Poxa, acho que isso explica bastante coisa e nos mostra um prognóstico do ciclo infinitivamente vicioso em que nos encontra(re)mos.
Talvez tenha chegado bem longe do assalto sofrido pela minha irmã, mas, se pensarmos bem, tudo está bem ligado por uma cola maldita chamada CAPITALISMO!
